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Vacinas anti-alérgicas

Actualizado: 24 jul 2020


Tratamento com vacinas para as alergias

As doenças alérgicas são quase todas doenças crónicas e tendencialmente de agravamento progressivo, apesar da medicação que possa ser utilizada. Os medicamentos permitem um alívio dos sintomas, mas não alteram o curso da doença e não impedem o seu agravamento progressivo. O único tratamento que altera de forma definitiva as doenças alérgicas, evitando que piorem em sintomas e número de alergias, são as vacinas anti-alérgicas (imunoterapia específica). O que são vacinas anti-alérgicas (ou imunoterapia específica)? As vacinas para a alergia (vacinas anti-alérgicas ou imunoterapia específica) constituem uma forma de tratamento para doenças alérgicas que tem como objetivo diminuir a hipersensibilidade às substâncias que as provocam. O procedimento consiste basicamente em administrar repetidamente os alergénios até conseguir que sejam tolerados. As vacinas produzem alívio dos sintomas, ou mesmo a sua cura, de forma duradoura, depois de terminar o tratamento. Que benefícios são de esperar? Do ponto de vista prático, com a vacina anti-alérgica desenvolve-se uma tolerância aos alergénios administrados, o que se traduz numa diminuição ou mesmo desaparecimento completo dos sintomas do doente. A melhoria progressiva dos sintomas da doença (espirros, lacrimejo, comichões, tosse, crises de asma, etc….) leva a menor necessidade de medicamentos (anti-histamínicos, sprays nasais, inaladores, colírios, etc…). Às vezes a melhoria é muito evidente e em poucos meses a pessoa tolera já algum contacto com os alergénios sem sintomas, outras vezes a melhoria é mais lenta e só depois de um ou dois anos de tratamento se notam os efeitos. Em qualquer dos casos, a melhoria na qualidade de vida é uma realidade óbvia. Está bem demonstrado que quando se realiza uma vacina de forma adequada a um doente bem seleccionado, induzem-se alterações nos sintomas atuais e que ademais se previne o potencial agravamento da doença e previne surgimento até de outras patologias alérgicas. Quem pode fazer estes tratamento? A vacina anti-alérgica só se adequa a pessoas a quem tenha sido diagnosticada uma doença alérgica. Ou seja, pessoas com rinite ou asma ou conjuntivite desencadeadas por um ou mais alergénios devidamente identificados e implicados nos sintomas. Naturalmente excluem-se as pessoas que mesmo tendo sintomas característicos têm os seus exames de despiste de alergias todos negativos. Da mesma forma, excluem-se pessoas que mesmo tendo exames de alergia positivos, os resultados não são consistentes com os sintomas que apresentam (por exemplo ter testes positivos para o pólen de oliveira, característico dos meses de maio e junho, mas apresentar os sintomas no outono ou outras alturas do ano). Ainda que a existência de uma doença alérgica seja uma condição obrigatória para decidir pelo tratamento com vacinas, não é suficiente. É necessário que a doença se encontre ainda em fase recuperável, ou seja, que não tenha evoluído para um estado tão avançado que o dano produzido seja irrecuperável - como pode acontecer na asma, por exemplo. Por este motivo, é importante o diagnóstico precoce e intervenção atempada nas doenças alérgicas. Existem muitas vacinas diferentes? Não. Apesar de haver vários laboratórios a produzir e comercializar imunoterapia, na verdade, os extratos alergénicos disponíveis são alguns ácaros, certos pólens, poucos fungos, epiteĺios de alguns animais, látex, pêssego e o veneno de abelhas e vespas. Há, no entanto muitas variantes, e a possibilidade de serem adaptadas a cada doente traduz-se numa panóplia gigante de combinações disponíveis. Todas as vacinas são iguais? Há genéricos? A maioria das vacinas anti-alérgicas são formulações personalizadas para cada doente, e por isso é que não são iguais entre si. Não há genéricos, e embora os preços possam ser ligeiramente diferentes entre os laboratórios disponíveis, as diferenças não são significativas. Cada laboratório dispõe dos seus métodos próprios para obter, filtrar e purificar a matéria prima de alergénios que não são uniformes, pelo que não é possível produzir produtos genéricos. É possível fazer vacina para vários alergénios de uma vez? Sim é possível, mas não em todos os casos - depende das alergias específicas de cada paciente. Tem de ser analisado caso a caso pelo Médico. No passado, podia fazer-se misturas de vários ácaros ou misturas de diferentes pólenes, mas não era possível utilizar ácaros e pólenes e/ou epitélios de animais na mesma vacina. Porém, recentemente estão já a ser comercializadas vacinas novas que permitem misturas de diferentes alergénios e assim atuar contra várias alergias mantendo a mesma capacidade e potência para vários extratos diferentes. Este foi um passo importante porque muitos doentes apresentam várias alergias, que anteriormente não podiam ser tratadas simultaneamente, e que atualmente já podem ter o seu problema resolvido apenas utilizando uma vacina, composta por vários extratos alergénicos. Como se administra a vacina anti-alérgica? A administração da vacina pode ser injectável, por via subcutânea, ou oral - em gotas, spray ou comprimidos sublinguais. Em qualquer dos caos, há duas fases: - Fase de iniciação: administram-se doses crescentes até atingir a dose terapêutica e eficaz; pode ser mais rápida (em apenas um dia) ou mais lenta (em várias semanas), conforme a experiência do médico e cada caso clínico específico. - Fase de manutenção: começa quando se atinge a dose terapêutica e consiste em manter esta dose repetidamente em intervalos regulares tempo - habitualmente 4 a 6 semanas para as injectáveis, diariamente para as gotas e sprays orais, 2 x semana para os comprimidos. É uma fase prolongada que dura pelo menos 3 anos. As vacinas injectáveis administram-se por via subcutânea, no terço médio do braço, na linha do cotovelo, com seringas do tipo de insulina e agulhas de calibre muito pequeno, o que torna a técnica quase indolor. O início deve ser sempre feito em centro especializado de Imunoalergologia, e o local para administrar na fase de manutenção decidido pelo médico dependendo das características da vacina e do doente. As vacinas orais colocam-se debaixo da língua (aplicação sublingual) e mantém-se durante 2 minutos, antes de engolir. São administradas no domicílio, excepto a fase inicial das vacinas de látex e de pêssego, que são em meio hospitalar. Quais as diferenças entre as vacinas orais e as injectáveis? Tanto as vacinas injectáveis como as orais são tratamentos de imunoterapia específica e têm como objectivo melhorar os sintomas das doenças alérgicas a longo-prazo. A sua duração é atualmente sempre no mínimo de 3 anos, independentemente da forma de administração. As vacinas injectáveis são as mais antigas e as mais usadas. Muitas vezes são as preferidas dos Médicos Alergologistas por vários motivos: são administradas sempre por um profissional de saúde (médico ou enfermeiro) o que facilita a prevenção de e controlo de possíveis efeitos adversos; a eficácia é excelente e bem documentada; consegue-se uma elevada taxa de adesão por parte dos pacientes uma vez que a administração é bastante espaçada - intervalos de 4 a 6 semanas, dependendo das vacinas. Alguns pacientes preferem as vacinas orais - é o caso das crianças mais pequenas e alguns adultos. São mais cómodas, administram-se em casa sem deslocações e evitam as agulhas de injeção. No entanto, são mais vezes sujeitas a esquecimento e mesmo abandono do tratamento. Riscos associados às vacinas anti-alérgicas Este tipo de tratamento não contém medicamentos, é constituído apenas pelos alergénios e algumas (poucas!) substâncias estabilizadoras (por exemplo fenol, hidróxido de alumínio), todas autorizadas, e portanto a sua toxicidade não levanta qualquer problema. O principal risco é a potencial ocorrência de uma reação alérgica, que advém do facto de estarmos a administrar ao doente alérgico precisamente aquilo que lhe causa as alergias! Os sintomas que poderiam aparecer são os que habitualmente o doente apresenta. No caso das vacinas orais esse risco é muito baixo - por vezes há alguma comichão na língua ou lábios nos primeiros dias de administração, mas é transitório. Excepto com as vacinas de látex e pêssego, que podem produzir reações sistémicas, e que por isso são iniciadas em meio hospitalar. No caso das vacinas injectáveis, o principal efeito adverso é no local da administração, por vezes muito calor, edema e prurido associados. Esta situação pode ser minorada com gelo e pomadas anti-inflamatórias. De forma a evitar a progressão dos sintomas, é importante a vigilância nos primeiros minutos após a administração. Hoje em dia as vacinas subcutâneas estão cada vez mais seguras, sendo mesmo muito raros sintomas além dos locais. Populações especiais: crianças pequenas, idosos, grávidas Todos podem receber vacinas antialérgicas. Não existem restrições de idade, e também não há contra-indicação durante a gravidez. No entanto, será importante ter em conta alguns detalhes: - Crianças pequenas: será difícil um cenário de injecções mensais e por isso a escolha recai maioritariamente sobre as vacinas orais, porém é preciso que a criança colabore para manter o tratamento debaixo da língua durante 2 minutos - se essa condição não se verificar, não vale a pena iniciar as vacinas. Por outro lado, a infeções virais são frequentes nestas idades e muitas vezes confundem-se com sintomas de alergia; é conveniente esperar até que a imunidade da criança estabilize e verificar se se mantém os desencadeantes alérgicos muito expressivos. - Idosos: na maior parte dos casos, as doenças alérgicas já duram desde a juventude; uma evolução tão arrastada muitas vezes já produziu alterações irreversíveis nos tecidos e mucosas, que já não se vão recuperar pelo efeito das vacinas. Por esse motivo, poderá não ocorrer o efeito benéfico esperado e será de ponderar caso a caso se é favorável. - Gravidez: As vacinas são seguras durante a gravidez, pelo que devem ser mantidas quando estão em fase de dose constante. Porém, se a doente ainda não iniciou este tipo de tratamento, será melhor aguardar pelo final da gravidez para iniciar. Um doente com alergia a pólens pode receber vacina da alergia durante a primavera? Antigamente, as vacinas para alergia a pólens administrava-se antes da primavera e e suspendia-se quando esta começava. Isto ocorria principalmente pelo receio de reações adversas por sobredosagem (pólen na vacina + pólen ambiental). Desde há alguns anos que se demonstrou ser mais eficaz o tratamento continuado por todos os meses do ano, do que iniciar e interromper ciclicamente. Por isso, atualmente mantém-se o tratamento durante a primavera, mas há doentes a quem é necessário baixar a dose, ou repartir pelos dois braços. Porquê tantos anos de tratamento? Para obter um efeito duradouro de vários anos depois de suspender. Os benefícios começam a fazer-se sentir poucos meses após o início do tratamento, mas não se deve ceder à tentação de o interromper porque já se sente eficácia, correndo o risco de ao suspender regressarem rapidamente os sintomas.

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